quinta-feira, 9 de maio de 2013

Era uma vez um menino que sonhava com sentimentos: símbolos cores e formas nas paisagens de Salvador Dali.

O realismo surrealista

Analisar o surrealismo sem levar em conta o significado da palavra surreal, não nos levará a entender a expressão real dos pintores surrealistas.

Surreal

Adj – que significa espanto, violação de uma verdade impressionável ou que existe no contexto de sonhos, da imaginação. Relativo a algo contraditório S.m O que transcende a realidade. Resultado da compreensão de uma realidade a partir dos sonhos ou da ação do inconsciente


Além do real - o surrealismo é uma espécie de pintura metafísica.


O que está além do real nas pinturas surrealistas é a maneira como o real é representado.
Porque os seres, símbolos e formas que estão expressos no surrealismo, estão manipulados na representação, não são inventados, são transformados, transfigurados.

Da natura real, os seres, a começar o homem, acompanhado pelos animais e estes transformados hora em objetos criados por ele, em símbolos. Derramados estão estes seres sempre no céu, no alto, subindo, se elevando e em reflexos de água.
Borboletas, elefantes, cavalos, peixes, pássaros e pessoas.

Terra água e céu – a supremacia do ser nas pinturas de salvador dali

O mais famoso pintor surrealista, Salvador Dali é contado pela história como portador de uma personalidade excêntrica. Dizem os observadores e conhecedores de sua arte que suas pinturas refletem este temperamento. Mas justapor esta excentricidade que está associada às suas pinturas não determina e engessa a outras possibilidades de interpretação e a se abrir para um  diálogo entre personalidade x criação x representação (sentimento)

A espera. – o amor - uma possível interpretação – entre o belo e o sublime –

No iluminismo, século das luzes, o "gênio", "gosto", "imaginação" e "sentimento", surge como uma nova concepção do belo. “O primeiro a falar de Sublime foi um pensador da época alexandrina,  Pseudo-Longino. Considerava Sublime como expressão de grandes e nobres paixões”.

Kant distinguiu o belo do sublime. Teria definido o sublime como algo grandioso e perfeito do ponto de vista metafísico e intelectual e o belo como algo pequeno, limitado, perfeito do ponto de vista físico-visual.

“Dentro do sublime, Kant distinguiu três modalidades: o sublime terrível que mistura a admiração da grandiosidade com o temor ou o horror (exemplo:um precipício imenso, a cratera de um vulcão a vomitar lava), o sublime nobre em que a admiração da grandiosidade se mistura com a nobreza assente na simplicidade, (exemplo: uma catedral gótica, sem decorações interiores) o sublime magnífico (exemplo: um palácio residencial recoberto a ouro e pedras preciosas).

Kant Escreveu:

  
“Os carvalhos altos e a sombra solitária no bosque sagrado são sublimes, as plantações de flores, sebes baixas, e árvores recortadas, formando figuras, são belos. A noite é sublime, o dia é belo”.

Neste último caso, a meu ver, o sublime não se encontra no dia e na noite. O dia pode ser sublime ou belo assim como a noite. A sensação do sublime está contida no momento de passagem do dia para a noite, o momento em que o sol está se pondo, onde a luz se enfraquece, onde está se desvanecendo para dar lugar à noite, na virada, o crepúsculo.

As pinturas de Dali parecem ser expressão das três características do sublime citadas acima. Ora o sublime terrível aparece em cenas de extensas paisagens, desérticas, ora a grandiosidade se misturas a seres delicados como o borboleta, ora no magnífico em arquiteturas ostentadas pela beleza.

Em sua pintura mais famosa, “a persistência da memória” Dali representa uma paisagem desértica, com uma luz um tanto melancólica, talvez um entardecer, o crepúsculo.  


Nela um olho adormecido com longos sílios, talvez femininos dorme sob o efeito do tempo, dorme no dia, na luz que cai com os relógios que derretem.

No dia em que expressou esta pintura, Dali se recusou a sair com Gala, sua esposa e seus amigos. Sentiu uma forte dor de cabeça neste mesmo dia. Ao observar o queijo que derretia que havia preparado para comer, teve a visão artística dos relógios, derretendo no tempo de espera, na falta da presença, marcando o tempo. Gala foi TAMBÉM, ALÉM DA EXPERIÊNCIA EMOCIONAL TRANSCENDENTE DE DALI, motivo e causa, causa e efeito de sua expressão pictórica.

O Dali celestial

O sono, o sonho.

Cair em um sono profundo como nas pinturas de Chagal, é mergulhar nos sonhos de Dali. Nelas, os símbolos representados em Chagall e Miró se repetem, mas desta vez mais reais. Os animais, os instrumentos musicais, os olhos a admirar, a perscrutar o elefante talvez represente também a memória que tanto quer expressar.

Belas ou sublimes tangem o sentimento real impressionável. Sublime pelo sentimento de assombro e admiração expressado e nos seres  seres exteriorizados. As pinturas surrealistas de Dali dão lugar ao sublime. Aqui a admiração e o espanto se condensam em imagens que transcendem.

Entender as pinturas surrealistas é também estar atendo às relações visuais entre representações e significações. Parecem tentar exprimir as transformações em transfigurações do ser. Demonstra que animais como elefantes e pássaros, um refletindo o outro, parecem impossíveis de participar da mesma unidade. Em uma releitura onde novamente ele retoma a pintura Persistência da Memória, desta vez se desintegrando, vemos o peixe. E porque representar o peixe desta vez, em uma desintegração?. Desta vez a pintura também parece ganhar uma nova dimensão. Em muitas delas também estão expressos seres que nascem que rompem o ovo, o despertar, a vida, o “re” começo para uma nova luz. O recomeço que  pode ser considerado com um novo Renascimento da pintura, Renascimento que traz novamente para a estética visual o trabalho dos grandes mestres renascentistas, o azul céu nos temas míticos e religiosos, na representação do ser.

Embora seus temas transitem entre mitos, história e religião, a supremacia do ser está contida nas suas pinturas. Tudo aqui é real. O mito, a história, os seres, os objetos. Os instrumentos representados abrem a experiência do sentdo visual para um visual-audio. Os instrumentos sugerem os sons de sua pintura.  Se na arte pictórica o ser se abre para uma experiência visual, a pintura no surrelismo de Dali se abre para esta possibilidade. O som também está expresso em grande parte delas, se abrindo em notas musicais sugeridas por instrumentos que representam os ruídos da natureza e em instrumentos de canções.

Supremacia do ser porque segundo Kant  A FILOSOFIA, RACIONAL E METAFÍSICA, E O HOMEM SÃO SUBLIMES.

Para mim a arte e a filosofia são a própria metafísica.



                                      The Persistence ogf the Memory
                                                         Pieta - 1982
                      Mad Mad Minerva - For Memory of Surrealism    
The Templation os St. Antonio
                                         Santiago El Grande – 1957
                   The Discover of America by Christpher Columbus – 1958
                                              The Cosmic Athlet – 1960
                              The Maximum Speed of Raphael's Madonna
                                          The Broken Bridge en the Dream
                                                                   The Eye 
                                        The Metamorphosis of Narcissus

Dream Caused by the Flight of a Bee around a Pomegranate. One Second before Awakening
                                        The Landscape Whith Butterfly

Portrait of Gala Whith Two Lamb Chops Balanced on Her Shoulder

                                                 The Swallow's Tail – 1983


                          The Desintegration of the Pesistence of Memory 

fONTES:


kant a distinção entre belo e sublime. http://filosofar.blogs.sapo.pt/116357.html

Referência de Imagens:

http://www.wikiart.org/en/salvador-dali/







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